Eu queria/deveria chorar,
mas a única vontade que tenho é a de vomitar. Sinto que vou explodir se não
chorar, ou vomitar? Será que vou vomitar lágrimas? Estou triste ou com nojo? Isso
quer dizer, então que todas as borboletas do meu estomago choraram, e se
afogaram em lagrimas, e agora eu tenho que por tudo pra fora. Eu sei que pra
vomitar é só enfiar o dedo na garganta, quando a resistência é grande. Mas e
quando eu tenho que chorar? Porque há tanto pra sair, que necessito de lagrimas
– sangue ou qualquer coisa - escorrendo pelos olhos também. Eu não posso enfiar
o dedo no olho, posso? Não resolveria. Talvez essa loucura esteja acontecendo
por que eu junto com tudo isso, sinto minha garganta fechada, tornando difícil
pra respirar, como se eu respirasse diretamente pela garganta. Loucura? Talvez
eu também tenha chorado horrores por dentro, meus órgãos dilacerados, com
certeza, choraram. Agora, tudo tem de alguma forma sair. Sabe, não sei bem de
nada. É uma decepção tão grande comigo mesma, que esta me ferindo fisicamente.
E, não adianta usar as mais
variadas medicações. A dor está infiltrada nos pensamentos e em cada lembrança,
ela age no coração. Sistema nervoso central. Domina. Ao escrever, caí em mim
uma epifania. E se pra que de meus olhos escorram as tais furiosas e
desesperadas lagrimas, eu deva jogar baixo, se pra que eu possa me aliviar
dessa falta de ar, que bombardeia em todos os sentidos, eu devesse pensar.
Pensar em tudo que houve, eu devesse lembrar e relembrar, talvez eu devesse me
torturar com lembranças, com tudo. (...)
Só de escrever, já escorre
uma lágrima. Acho que estou no caminho certo.
(...)
E estava, eu chorei como a
muito, muito tempo não chorava. Aquele choro de soluçar. Eu gritava, estava me
descabelando, perdendo a linha. Lágrimas corriam desesperadas, umas atropelando
as outras, todas morriam na minha cama e travesseiro. Depois de horas, quando
chegou à madrugada, meus olhos secaram, talvez minha cabeça tivesse doendo
tanto, que me senti anestesiada por completo. É uma expressão forte, quando
digo, eu parecia morta em minha cama, o quarto escuro, meu olhos abertos e
perdidos, olhando o vazio. À deriva. Fiquei a eternidade toda ali, com certeza.
Eu parecia calma e que o desespero havia passado, mas você nunca pensou que, talvez
seja o choro mais dolorido quando tudo se torna silêncio, é nesse momento que a
alma se despedaça. Então, o frio tomou conta de mim, mais uma vez. E por mais
familiar que fosse, doeu como se fosse a primeira vez, como nunca. Envolveu-me
completamente, meu corpo tremia. Eu tão dominada pelo nada, pela fraqueza, não
via o quão lamentável era minha alma desmanchar-se, senti-me o pior corpo do
mundo, naquele momento havia abandonado minha alma, até uma companhia - para
que ela não se desfalecesse tão só -, eu não puder ser. Depois de tudo que ela
foi por/pra mim. Depois de tudo que fomos juntas.
Talvez já tivesse
amanhecido, ou não... Não perdi tempo olhando o relógio, qual o valor do tempo?
De que adiantaria ver a hora? Se eu olhasse e ele me mostrasse 4 horas da
madrugada ainda, eu deveria voltar pra cama e esperar até às 7 ou 8 horas? Sem
deixar me controlar por essa moral absurda, peguei minhas chaves. Peguei-as e
sai, tranquei o portão coloquei na caixa do correio as chaves e segui. Não sei
pra que lado, apenas ia... Ou talvez eu não tenha saído daquelas quatro paredes
e imaginei tudo. É relevante? Ainda à deriva, não consegui organizar nada, pra
que eu pudesse saber o que se passava de concreto em minha cabeça. Melhor
assim, eu não ia me dar ao luxo de chorar mais uma única lágrima, mesmo que eu
tivesse que engasgar com ela, fazer a garganta arder, ela não sairia nunca.
Hoje, caminho sem alma, ela morreu, o que a faz mais feliz, do que a mim, que
não consigo tirar esse vomito da garganta. Sendo assim, como tudo chegou ao
fim, livro minha alma, pura, - ou, seja lá como é que teus olhos cegos a viam –
de sentir essas ânsias uma vez mais. Daqui pra frente, cada passo darei sozinha,
somente com a carne podre que é feita o ser humano. Cada dia mais só - é assim
que eu quero que seja. É assim que vai ser.
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