sexta-feira, 5 de agosto de 2011

"a baby"

Os primeiros dias foram chuvosos, quentes demais, frios demais. Foram dias de uma tempestade sem fim, atormentadora. Aquelas quatro paredes que nos cercavam podiam ceder a qualquer momento, mas continuaram ali, a nossa volta; assim como eu, que podia ir a qualquer momento, mas não a deixaria ela sozinha, não daquele jeito. Não quando ela precisa tanto de mim. Ela sufocava os gritos e choros com o travesseiro pros pais não ouvirem. Ah! Como foi triste ver ela daquele jeito e não poder tirar sua dor. Não houve fome, dias sem comer com ela eu passei, mais de semana. E o corpo pedia por alimento, mas quando essa menina tentava se alimentar, meu Deus! Só eu via como ela vomitava. Ela implorava de joelhos na minha frente, eu a abraçava. Como eu queria proteger ela dessas desgraças! Tirar dela aquela palidez e fraqueza. Mas o máximo que alguém podia fazer eu estava ali por ela, fazendo... Não deixar ela sozinha. Os dias passavam, - como um só, não tínhamos mais noção de tempo, dia ou noite, - e a cada dia eu estava mais dentro dela, mais eu fazia parte dela, eu podia acreditar que éramos uma só, a mesma pessoa. Ela pensava que tudo aquilo era consequências de choques, emoções muito fortes, aquilo era psicológico, eu concordava com ela. Com o pouco que ela falava, era o que dava pra concluir, mas tinha algo mais. Eu sei que tinha, e só agora com essa sensação de pertencer ao corpo e mente dela, eu podia saber. (...) Eu não deixei ela até hoje, e nunca irei embora, assim como são obvias as minhas palavras, e meu objetivo, devia ter sido obvio também o que está acontecem com nós, e nosso corpo, não foi por emoções fortes, decepções fortes. É um bebê. E então choramos e abraçamos a si mesmas, foi então que concluí, eu era sua alma! (...) Ela não se sentiu assustada mais, alguém de quem ela não fazia ideia que existia, causava tantos sintomas nela e a deixou tão assustada? Isso a aliviava de uma forma carinhosa, e levava aos lábios um sorriso terno. Nem eu, a alma, posso tentar descrever o sentimento a domina, completa,  soaria falso e vazio, até uma falta de respeito. E é tão, tão... materno. Ela o amou no mesmo instante, e posso ousar dizer que até antes, - ela nunca pediu pra que parasse. - e sempre será assim. É um bebê, e tudo girava em torno dele agora. "Meu Bebê" escapou dos lábios enquanto delirava.  

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